sábado, 28 de maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Notas de Repúdio

Foram muitas as notas de repúdio à tomada de território violenta em Aracruz, não foi fácil escolher, até o Forum de Mulheres do ES enrou na parada. Copiamos aqui a nota do SindPsi-ES:

NOTA DE REPÚDIO

O Sindicato dos Psicólogos do Estado do Espírito Santo (Sindpsi-ES) vem a público expressar sua indignação com a violenta e covarde ação do BME da PM contra 1.600 cidadãos indefesos do bairro Nova Esperança, município de Aracruz-ES.
Repudiamos esta ação orquestrada pelas autoridades políticas e judiciária do município de Aracruz, com a anuência do governo do estado.
Entre as vítimas da violenta repressão encontram-se mulheres, gestantes, idosos e deficientes físicos, além de 400 crianças  que tiveram seus sonhos e direitos destruídos por balas de borracha, bombas, agressões físicas, morais e psicológicas.
Não é esta a resposta que esperamos para a construção de uma cultura de paz, justiça e solidariedade, principalmente quando o ES ocupa lugar de destaque no ranking nacional da violência. 
Lamentamos, também, a miopia do poder judiciário que, zelando pela propriedade privada, também deveria zelar pelo direito a moradia, pelo direito da criança e do adolescente, da gestante, do idoso, do deficiente, etc. Ambos encontram-se em condições degradantes neste momento, desamparados nos direitos que vossas excelências deveriam proteger.
Nos solidarizamos com todos/as moradores que sofreram as violações dos direitos humanos, com os defensores de direitos humanos e profissionais agredidos que estavam na atribuição de suas funções e, principalmente, com a família da D. Zita. Não aceitamos justificativas para a morte.
Diante de tanto desrespeito, nos unimos ao coro popular exigindo a apuração e punição imediata dos responsáveis, a reparação imediata das vítimas e o respeito aos seus direitos constitucionais.

Diretoria do Sindpsi-ES

Vitória, 21 de maio de 2011

domingo, 22 de maio de 2011

Patrimônio vivo para o Break no ES



Gilmar Coelho, mais conhecido como Gilmarzinho, podemos dizer com certeza: é um dos representantes da cultura hip-hop no Espírito Santo. Dedicando por mais de uma década ao Break, Gilmarzinho faz da dança não só sua profissão, mas sua felicidade. Como bem aconselha com uma comicidade peculiar, seja para a criançada ou terceira idade, "sua vida vai mudar com o Break". Hoje Gilmarzinho prepara 60 crianças para um campeonato mirin de Break em uma Ong na Serra.

  

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um passo para os direitos humanos.

Nesta segunda-feira (16 de maio) foi derrubado o presídio em Novo Horizonte, na Serra-ES. Alvo de críticas desde a sua fundação, passando pela sua apresentação como a inovação em segurança quando as celas metálicas foram introduzidas no sistema penitenciário capixaba, e denunciado como recanto de atrocidades para detentos e funcionários, o presídio foi, então, demolido. Como esclarece a Carta de Despedida elaborada por Padre Xavier e Marta Falqueto, são tantas as motivações fora do foco que realmente me pergunto como podemos avaliar esse passo para os Direitos Humanos. Nem para frente, nem para trás, para o lado talvez...pois no lugar do Presídio será construída a "Praça da Liberdade".
Praça e liberdade... liberdade para quem? Pois quando pensamos em praça (não só em Novo Horizonte) pensamos em sessão do direito de ir e vir, e ao invés de "Liberdade" o que encontramos nas diversas praças construídas para "beneficiar" as populações é a libertinagem.
Ok, melhor uma praça do que um Presídio, até porque destruir com certeza é mais fácil do que construir. Que a população - e os gestores públicos - ocupem esse novo espaço da maneira mais benéfica possível à comunidade, trazendo segurança, saúde, esporte e lazer, que é o que queremos de fato.  

Carta de despedida ao presídio de lata de Novo Horizonte – Serra - ES
Não foi pelo convencimento, foi pela pressão popular.
Não foi pela fé na dignidade humana, foi pelo medo do constrangimento.
Não foi pelo respeito aos direitos humanos, foi por mera preocupação com o desgaste público.
Foi só por isso que desativaram tuas celas.
Nelas foi escrita uma das piores páginas da história da desumanidade.
Como num toque de mágica perversa entraste no livro dos crimes de lesa humanidade.
As atrocidades que aconteceram entre tuas paredes de alvenaria e de lata não têm nada a invejar àquelas cometidas durante a época da escravidão e no tempo da fúria desraivada do nazifascismo.
Foste, ao mesmo tempo, aconchego de ratos e seres humanos.
Desviaste dezenas de policias civis de suas funções e violaste seus direitos submetendo-os a condições insalubres de trabalho.
Foste cruel com as mães e as esposas dos presos quando as submeteste a tratamento vexatório e constrangedor.
Com a lâmina de tuas cercas cortaste o direito das crianças abraçarem seus pais.
Violaste o sossego dos moradores do teu entorno, obrigados a conviver com o fedor do teu esgoto, com o estampido dos tiros, os gritos e o barulho ensurdecedor dos golpes desferidos nas tuas paredes de lata.
Foste uma cortina nojenta que cobriu de vergonha a história de nosso estado.
Mesmo do alto de tua arrogância não resististe à persistência e à ousadia dos militantes dos direitos humanos. Tremeste aos golpes de suas denúncias.
Ficaste tristemente famoso no mundo inteiro como uma imitação postiça de um campo de concentração nazista.
Viraste mais uma “atração turística” no itinerário da barbárie.
Deixastes feridas que sangrarão por muito tempo.
Hoje se fecha definitivamente a tua história.
Até nunca mais. Com tuas ruínas, caiam abaixo as intolerâncias, as reiteradas violações aos direitos humanos, as posturas arrogantes, os rastos de uma política de segurança pública pautada no aprisionamento e de uma política penitenciária repressora que alimenta o espírito de vingança.
Que esta terra sobre a qual a dignidade humana foi pisoteada seja devoluta ao povo da Serra.
Não das tuas ruínas, mas do suor daqueles que ainda acreditam na vida e na dignidade humana surja neste lugar a Praça da Liberdade.
Sai definitivamente de cena e deixa que um Novo Horizonte carregado de esperança brilhe na vida deste povo sofrido que aqui decidiu erguer sua casa e viver honestamente.
 
Dedicado a todos aqueles que participaram com afinco nesta luta.
 
Padre Saverio Paolillo (Pe. Xavier)
Pastoral do Menor da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo
Marta Falqueto
CDDH - Serra

sábado, 14 de maio de 2011

Medida sócio-educativa?

Para discutir sobre as diversas formas de ser/estar e conduzir o comportamento humano pensamos em um assunto mais que urgente a se discutir no Espírito Santo: o sistema prisional.

É sabido que são urgentes as mudanças requeridas pelos profissionais que nele atuam e famosas as denúncias de maus tratos e descasos nesse/desse sistema, em especial no estado do Espírito Santo. As denúncias, que já chegam a instituições como a Organização dos Estados Americanos (OEA), parecem não ser suficientes para demandar uma mudança efetiva, mesmo talvez tendo a abertura de concursos públicos[1] despertado o ímpeto daqueles que querem contribuir para a qualificação dos serviços prestados pelas instituições nas quais são privados de liberdades aqueles que infringem as leis.

Infelizmente, não há uma coerência no discurso das instituições “penitenciárias”, dos funcionários das mesmas, dos “usuários” e daqueles que de alguma forma se inserem nesse contexto. Jornais de grande veiculação no Estado diariamente expõem matérias sobre os maus tratos por parte de policiais e agentes penitenciários e/ou socioeducativos (vide http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/03/610380-estado+admite+mazelas++mas+contesta+mortes+no+sistema+prisional.html) .

Enquanto isso o Instituto de Atendimento “Socioeducativo” doEspírito Santo (IASES), ofereceu para os aprovados para a primeira etapa de seu concurso público um Curso de Formação com apostilas depreciáveis, copiadas de Blogs sem referência técnica alguma, nas quais continham informações de que:
- “o desenvolvimento que ocorre na adolescência produz-se de forma ordenada, tal como acontece na infância;
- quase todos os adolescentes se rebelam perante as exigências e proibições da família, se mostram ansiosos e indecisos, perturbados e com falta de segurança em si;
- tem tendência para a agressividade;
- é extremista, porque se sente incapaz de demonstrar que é eficiente”.
Os trechos acima foram retirados do Módulo II – Comportamental, das apostilas do curso de (DE) formação do concurso.
O resultado? Tirem suas próprias conclusões através do exposto no site de relacionamentos Orkut, na comunidade intitulada Concurso Iases, no fórum denominado de “Real x imaginário” (que, por sinal, fora apagado recentemente). Seguem trechos do fórum:

-  "ANTES DE TUDO NA UNIS TEM TAMBEM HOMENS DE 21 ANOS: SO QUEM TRABALHA LA PRA SABER SE ESA RESOCIALIZAÇAO BONITA QE ELES POEM NO SITE REALMENTE FUNCIONA: QEM E ESPANCADO NA UNIS LEVA MARMITA DE FEZES, PEDRADA, XUXADA COM VERGALHAO, TOMA BARRADA DE FERRO NA CARA, colchao de fogo, AMEAÇA DE TODO TIPO, E AINDA RESPONDE PROCESO POR FUGA E AINDA E EXONERADO POR ISO E O AGENTE DT E NAO OS ADOLESCENTES. EDUCAÇAO, DISCIPLINA,NORMAS DE SEGURANÇA, PROTEÇAO AO SERVIDOR GENTE NAO SIGINFICa pegar o cara e bater. tem muitas formas de procedimento pra iso. ENTAO NAO VAMOS DEXAR AQUELAS AULAS DE PSICOLOGIA E FILMES QWE ACONTECERAM COM CASOS ISOLADOS LUDIBRIAR A GENTE NAO OK. SE PREPARA PRA GUERRA QWE TAMOS INDO PRA UMA !!!"
-  "galera quem foi dt la sabe que e verdade mas talves agente pode tentar mudar isso, mas como o companheiro falou vamos nos prepara para guerra"

- "Galera nós sabemos quem nós vamos encarar. E bandido, vagabundo cheirador Pessoas que não tão valor nem para seus próprios progenitores Então porque tem tanta gente achando que eles vão nós tratar bem?????? Ta mole, fica de joguinho besta, fecha os olhos para ver se a bala de aço não come solto. Se vier para cima de mim, vou largar o aço sou mais minha vida do a vida desses putos"

- "Ressocialização pra mim e o caralho. Pergunta se eles querem mudar de vida. Então alguem vai forçar eles a mudarem de vida. Eles são do mal, só quem da jeito neles e JESUS."

- "tem q ficar ligado mesmo, o lance é trabalhar corretamente, mas se o bicho pegar prevalece o velho ditado : '' Antes ele do que Eu '' "
- "Inacreditável... Meu Deus, eu não acredito nisso!"

- "tem que se proteger e fica ligado."
"Inacreditável II Nem eu tô acreditando no que li acima!!! 

Também queríamos não acreditar...